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quinta-feira, 7 de outubro de 2010


Esquecemos facilmente os nossos pecados quando só nós próprios os sabemos.


(François La Rochefoucauld)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010


"Lar é onde se acende o lume e se partilha mesa e onde se dorme à noite o sono da infância.
Lar é onde se encontra a luz acesa quando se chega tarde.
Lar é onde os pequenos ruídos nos confortam: um estalar de madeiras, um ranger de degraus, um sussurrar de cortinas.
Lar é onde não se discute a posição dos quadros, como se eles ali estivessem desde o princípio dos tempos.
Lar é onde a ponta desfiada do tapete, a mancha de humidade no tecto, o pequeno defeito no caixilho, são imutáveis como uma assinatura conhecida.
Lar é onde os objectos têm vida própria e as paredes nos contam histórias.
Lar é onde cheira a bolos, a canela, a caramelo.
Lar é onde nos amam."

(Rosa Lobato Faria)

domingo, 1 de agosto de 2010


Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...
O amor é quando a gente mora um no outro.

(Mário Quintana)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Para que nada nos separe que nada nos una.

(Pablo Neruda)

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pequena canção



Pássaro da lua,
que queres cantar,
nessa terra tua,
sem flor e sem mar?

Nem osso de ouvido
Pela terra tua.
Teu canto é perdido,
pássaro da lua...

Pássaro da lua,
por que estás aqui?
Nem a canção tua
precisa de ti!








(Cecília Meireles)

domingo, 20 de junho de 2010


"Quase se vê daqui, o Verão."


(Eugénio de Andrade)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

CATS

terça-feira, 1 de junho de 2010


"Dizem os budistas que a vida é um rio, que navegamos numa balsa em direcção ao nosso destino final. O rio tem a sua corrente, a sua velocidade, os seus escolhos e remoinhos, e ainda outros obstáculos que não podemos controlar, mas temos um remo para dirigir a embarcação sobre as águas. É da nossa destreza que depende a qualidade da viagem, mas não podemos mudar o percurso, que termina sempre na morte. Às vezes não temos outro remédio senão abandonar-nos à corrente ... (...)"

(Isabel Allende)

segunda-feira, 24 de maio de 2010


Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.


(Cecília Meireles)

segunda-feira, 10 de maio de 2010


O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras.


(Sophia de Mello Breyner Andersen)

quarta-feira, 5 de maio de 2010


"Apetece-me desenhar o sol a sorrir. Apetece-me desenhar uma menina ao lado de uma árvore grande e a menina ser maior do que a árvore. Apetece-me desenhar uma casa com uma varanda e na varanda flores de caules compridíssimos, até ao alto do papel. Apetece-me desenhar um homem cheio de botões no casaco..."




(António Lobo Antunes)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

"Ao espelho, onde vês o reflexo entre o homem que és e aquele que gostarias de ser, respiras fundo e desejas que essa mulher chegue um dia, não demasiado cedo para te assustar nem demasiado tarde, porque entretanto, pode aparecer outra e tu vais deixar-te ir, convencido de que é essa, e não eu, a mulher da tua vida."

(Margarida Rebelo Pinto)

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Encontros


"...é apenas um primeiro encontro - um desses primeiros encontros, encantadoramente embaraçados, em que o muito que se sente é sobretudo expresso pelo pouco que se diz."

(Eça de Queirós)

quarta-feira, 7 de abril de 2010


Aprendi com as Primaveras a me deixar cortar

para poder voltar sempre inteira.


(Cecília Meireles)


domingo, 4 de abril de 2010

PÁSCOA FELIZ!!!!!!


quinta-feira, 25 de março de 2010

Fico ao teu lado


As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.

Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente — claro muro
sem coisas escritas.


Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.


Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda, desarvorado.



Fico ao teu lado.


(Cecília meireles)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Primavera


Anda no ar um perfumado cheiro
a terra revolvida;
o vento emudeceu;
o sol desceu;
a primavera vai chegar, florida.


(Miguel Torga)

sábado, 20 de março de 2010

Sonhos


"É verdade que todos precisamos de sonhar, mas também todos precisamos de acordar. E embora nos pareça impossível acordar sem dor nem perda, afinal nem sempre é mau, porque a vida é sempre outra coisa, diferente do que imaginámos. Os sonhos servem para isso mesmo; perdemo-nos através deles para nos voltarmos a encontrar."


(Margarida Rebelo Pinto)

segunda-feira, 15 de março de 2010


Por sobre o que Eu não sou há grandes pontes

Que um outro, só metade, quer passar

Em miragens de falsos horizontes

-Um outro que eu não posso acorrentar.


(Mário de Sá-Carneiro)

quarta-feira, 10 de março de 2010


Quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem.


(Padre António Vieira)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Nada no horizonte


Nada no horizonte
a não ser eu e sou montanha
olhando outro horizonte
onde de novo estou
e sou floresta.

Não há festa
como nascer nascente
e vir cantando
rolando seixos na corrente.

Seja o meu corpo vale
o meu coração pedra
o meu sangue regato
os meus cabelos vento

e em paz existo mas
não penso
dispenso
sendo
o pensamento.


(Rosa Lobato de Faria)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010


"Mulheres e gatos fazem o que querem.
Homens e cães têm que aprender a viver com isso."

(Alan Holbrooke)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Pergunta do dia


O que é um kecahfoi? eheheheh
Ofereço o tal café a quem acertar ;)

(S., tu não podes participar...)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010



"Onde Vais?"
Perguntas tu,
Ainda meio a dormir.
"Não sei bem"
Respondo eu,
Sem saber o que vestir.

"Porque sais?,
Ainda é cedo,
E tu não sabes mentir."
"Nem eu sei,
Só sei que fica tarde
E eu tenho de ir."

Bem depois,
De estar na rua,
Instalou-se uma dor
Por nós dois,
Talvez sair
Tivesse sido o melhor...

Se assim foi,
Então porque me sinto a morrer de amor?

Tenho a noite
A atravessar
Doi-me não ir,
Mas não me deixas voltar...

Se gosto de ti,
Se gostas de mim,
Se isto não chega
Tens o Mundo ao contrário.

O Mundo ao contrário

Tenho a noite
A atravessar
Doi-me não ir,
Mas não me deixas voltar...

Se gosto de ti,
Se gostas de mim,
Se isto não chega
Tens o Mundo ao contrário.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Presídio



Nem todo o corpo é carne... Não, nem todo.
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco...?
.
E o ventre, inconsistente como o lodo?...
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor... Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo...
É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio
.
vulto da Primavera em pleno Outono...
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!

(David Mourão-Ferreira)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010


Troco tudo por um beijo

Mais vale morder um desejo

Que todo o dinheiro do mundo.


(Jorge Palma)

Embriaga-te!

"Devemos andar sempre bêbados.
É a única solução.
Para não sentires o tremendo fardo do tempo que te pesa sobre os ombros e te verga ao encontro da terra, deves embriagar-te sem cessar.
Com vinho, com poesia, ou com a virtude.
Escolhe tu, mas embriaga-te.
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas de uma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez atenuada, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se passou, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala; pergunta-lhes que horas são:
São horas de te embriagares.
Para não seres como os escravos martirizados do tempo, embriaga-te, embriaga-te sem descanso.
Com vinho, com poesia. Ou com a virtude."

(Charles Baudelaire)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Janelas do meu quarto


Tenho quarenta janelas

nas paredes do meu quarto.

Sem vidros nem bambinelas

posso ver através delas

o mundo em que me reparto.

Por uma entra a luz do Sol,

por outra a luz do luar,

por outra a luz das estrelas

que andam no céu a rolar.


Por esta entra a Via Láctea

como um vapor de algodão,

por aquela a luz dos homens,

pela outra a escuridão.


Pela maior entra o espanto,

pela menor a certeza,

pela da frente a beleza

que inunda de canto a canto.


Pela quadrada entra a esperança

de quatro lados iguais,

quatro arestas, quatro vértices,

quatro pontos cardeais.


Pela redonda entra o sonho,

que as vigias são redondas,

e o sonho afaga e embala

à semelhança das ondas.

Por além entra a tristeza,

por aquela entra a saudade,

e o desejo, e a humildade,

e o silêncio, e a surpresa,

e o amor dos homens, e o tédio,

e o medo, e a melancolia,

e essa fome sem remédio

a que se chama poesia,

e a inocência, e a bondade,

e a dor própria, e a dor alheia,

e a paixão que se incendeia,

e a viuvez, e a piedade,

e o grande pássaro branco,

e o grande pássaro negro

que se olham obliquamente,

arrepiados de medo,

todos os risos e choros,

todas as fomes e sedes,

tudo alonga a sua sombra

nas minhas quatro paredes.

Oh janelas do meu quarto,

quem vos pudesse rasgar!

Com tanta janela aberta

falta-me a luz e o ar.

(António Gedeão)

domingo, 24 de janeiro de 2010



"O melhor da vida é nunca sabermos o que vem a seguir."

(Margarida Rebelo Pinto)

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Se o tempo voltar...


Parei as águas do meu sonho
para teu rosto se mirar.
Mas só a sombra dos meus olhos
ficou por cima, a procurar...

Os pássaros da madrugada
não têm coragem de cantar,
vendo o meu sonho interminável
e a esperança do meu olhar.

Procurei-te em vão pela terra,
perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho,
por que insisto em te imaginar?

Quando vierem fechar meus olhos,
talvez não se deixem fechar.
Talvez pensem que o tempo volta,
e que vens, se o tempo voltar.
(Cecília Meireles)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Foi mais uma velinha...


Só isso, mais uma velinha a juntar a umas quantas...
Quantas? Bem... É só fazerem as contas :D

eheheheh


"Hoje acordei inteira. Migalhas? Pedaços? Não, obrigada. Não gosto de nada que seja metade. Não gosto de meio termo. Gosto dos extremos. Gosto do frio. Gosto do quente (depende do momento.) Gosto dos dedinhos dos pés congelados ou do calor que me faz suar o cabelo. Não gosto do morno. Não gosto de temperatura-ambiente. Na verdade eu quero tudo. Ou quero nada. Por favor, nada de pouco quando o mundo é meu. Não sei sentir em doses homeopáticas. Sempre fui daquelas que falam "eu te amo" primeiro. Sempre fui daquelas que vão embora sem olhar pra trás. Sempre dei a cara à tapa. Sempre preferi o certo ao duvidoso. Quero que se alguém estiver comigo, que esteja. Mesmo que seja só naquele momento. Mesmo que mude de idéia no dia seguinte."

(Fernanda Mello)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Histórias deste dia



Mas neste dia houve mais, quem é que sabe?
Há prémio para quem acertar...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010




"Não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar, e me encontrar fugindo."


(José Mário Branco)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Rifa-se um coração quase novo. Um coração idealista. Um coração à moda antiga. Um covarde, moleque que insiste em pregar peças no seu usuário. Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e cultivar ilusões. Um pouco inconsequente, que nunca desiste de acreditar nas pessoas. Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu: «Não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero!» Um idealista!!! Um verdadeiro sonhador... Rifa-se um coração que nunca aprende, que não endurece e mantém sempre a esperança de ser feliz, sendo simples e natural. Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar. Um furioso que vive procurando relações e emoções verdadeiras. Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros. Esse coração que erra, que briga e que se expõe. Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões. Sai do sério e, às vezes, revê suas posições arrependidas de palavras e gestos. Esse coração tantas vezes incompreendido, tantas vezes provocado, tantas vezes impulsivo. Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos tão largos que quase dá para engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto. Um coração para ser alugado ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes. Um órgão abestado, indicado apenas para quem quer viver intensamente e contra-indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções. Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco seu usuário. Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer pra São Pedro na hora da prestação de contas: «O Senhor pode conferir, eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e se recusa a envelhecer». Rifa-se um coração ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo. Um órgão mais fiel ao seu usuário. Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga. Um coração que não seja tão inconsequente. Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado. Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adoptado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo. Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree. Um simples coração humano. Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado. Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina. Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta.

(Clarice Lispector)